24/04/2009

QUESTOES DIDÁTICAS A CONSIDERAR NO PLANEJAMENTO[1]

Qualidade de ensino e aprendizagem efetiva não são metas inatingíveis, são realizáveis, mas exige organização, competência técnica e compromisso político. São conquistas possíveis, mas que requer o envolvimento de todos.
Um dos caminhos iniciais pensamos que seja o planejamento em nível mais amplo (PPP, PDE...) e em nível mais específico (o didático). Colocando-o como espaço de reflexão sobre a realidade da escola e de sala de aula, dentro de um contexto mais geral, a sociedade; a busca de compreensão da realidade, o debate sobre a mesma, definição de objetivo e estratégias e a intervenção no sentido de se alcançar o objetivo.
De forma expressa, explicita ou implicitamente, este tema sempre está presente em nossos encontros. Mas hoje queremos abordar mais diretamente as questões didáticas
Ao planejarmos as atividades didáticas para uma disciplina, um bimestre, uma aula, é fundamental se conhecer e levar em consideração a realidade que se tem e as necessidades de aprendizagem que o grupo apresenta. Não adianta ficar lamentando o fato que os alunos não terem aprendido em séries anteriores, nem desconsiderar os problemas avançando para novos conteúdos antes de resolvê-los. Por outro lado e importante ter uma postura auto-avaliativa a fim de perceber limites e possibilidades pessoais, buscando alternativa de superação. Segundo Balzan é necessário
A valorização do aluno de hoje, tal qual ele se apresenta – com seus limites condicionamentos históricos, história de vida – de maneira a planejar o ensino – definir objetivos – selecionar conteúdos etc. – em função dele e não do aluno que gostaríamos que ele fosse. Significa, portanto, ir eliminando gradativamente os ranços do saudosismo (...) fonte de tantas angústias e ansiedades, substituindo por algo mais esperançoso e construtivo. (ALVES, p. 47, 2006)
Uma sugestão seria iniciar refletindo sobre que competências e habilidades os alunos precisam desenvolver na série, num período e de que forma nós, enquanto responsáveis por sua educação formal, podemos investir para seu sucesso, para sua aprendizagem, sem perder de vista que a mesma é processual e contínua.
Talvez seja revelador nos colocarmos no lugar dos alunos. Será se lembramos e conseguimos explicar ao menos 5% do volume de informações que tivemos contato durante os 8 primeiros anos de nossa vida escolar em forma de conteúdos? Conseguimos citar ao menos dois assuntos, de cada disciplina, que realmente aprendemos? Se não conseguimos não se passará o mesmo com os alunos? Por que isso aconteceu e acontece?
Pode ser que uma das respostas esteja no fato de que os conteúdos trabalhados não faziam o menor sentido para nós. Talvez tenhamos ouvido e repetido os mesmos muitas vezes sem pensarmos sobre o seu significado. O contato com os conteúdos se dá muitas vezes de forma estéril, desvinculada da realidade, e resulta em memorização de forma mecânica. O problema pode ser resultante de processos pedagógicos que valorizam apenas a transmissão, o “passar conteúdo” Segundo Balzan “ menosprezando as capacidades intelectuais: a compreensão, o processo de análise, a aplicação e a elaboração de sínteses” (ALVES, p. 42, 2006)
Ao lado do cuidado na seleção dos conteúdos e preciso que se tenham também com a escolha das estratégias, uma vez que eles podem favorecer aprendizagem dos conteúdos. Para isso é importante considerar que os alunos tem características diferenciadas e em função disso as estratégias, também, devem ser diversificadas de forma a contemplar a todos. Estratégias que envolvam o trabalho individual e coletivo, a leitura, a reflexão, a discussão, o debate, a elaboração oral e escrita, entre outras, precisam fazer parte do dia-a-dia da sala de aula. Outro fator importante entender que a aprendizagem se dá de forma processual e que as aulas e os conteúdos não podem ser estanques, desarticulados. As estratégias precisam revelar uma metodologia de trabalho que valoriza o pensar, o aprender a aprender: a conhecer, a ser e a fazer. Envolva conceitos, atitudes e procedimentos.
Os recursos também podem enriquecer o processo didático e ajudar na aprendizagem. Os mesmo precisam ser analisados e utilizados de forma significativa em consonância com os objetivos e conteúdos de aprendizagem. Devem estar previstos no plano como forma de ajudar providenciá-los com antecedência. Podemos partir dos que temos, o que não ‘e tão pouco: os livros didáticos e paradidáticos, os dvs, os vídeos, televisores, internet, os materiais presentes nos laboratórios, revistas, os espaços da escola como a bibliotecas, entre outros, são recursos que precisam ser valorizados e aproveitados para que as aulas tornem-se mais dinâmicas, interessante e motivadoras.
Tudo que o falamos até aqui está intrinsecamente ligado com a avaliação. Esta precisa ser coerente com as concepções pedagógicas que temos. Se acreditamos que a aprendizagem acontece de forma processual e continua, a partir de interações pedagógicas entre os sujeitos envolvidos, a avaliação também dever ter este caráter. A utilização de instrumentos diversificados de avaliação ajuda a perceber os avanços dos alunos, bem como seus limites e possibilidades, alimentando e orientando as formas de intervenção do mediador do processo pedagógico.

REFERENCIAS
ALVES, Nilda. Educação e Supervisão: o trabalho coletivo na escola. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2006
[1] Texto elaborado por Arlete Fragas para reflexão com o grupo de educadores do C.E Jonas Ribeiro, por ocasião do VI Encontro Pedagógico/2009. Em

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